Iron Maiden: os 35 anos do imponente “The Number Of The Beast”

Iron Maiden – “The Number Of The Beast”
Lançado em 22 de março de 1982

Para se fazer um clássico atemporal do heavy metal, não se exige apenas qualidade musical. Como disse Bruce Dickinson, ao ser questionado sobre “The Number Of The Beast”, foi necessário que um raro alinhamento de planetas ocorresse para que este disco chegasse a público desta forma.

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O terceiro disco do Iron Maiden é, para muitos, um recomeço da banda britânica, pois trata-se do primeiro com o vocalista Bruce Dickinson, ex-Samson, no lugar de Paul Di’Anno. Dickinson ocupou o posto de um cantor cada vez mais desleixado e problemático, muito devido aos problemas que teve com as drogas.

A chegada de Bruce Dickinson se fazia necessária a uma banda que prezava pelo profissionalismo. O Iron Maiden jamais estouraria sem um cantor competente como Dickinson, por mais que eu goste do trabalho desempenhado pelo grupo com Paul Di’Anno. Steve Harris, líder da banda e obstinado a ter consagração e reconhecimento mundial, sabia disto.

Com a troca de vocalistas, o estilo do Iron Maiden também mudou. O grupo passou a apostar em uma sonoridade um pouco mais melódica, ainda que pesada e, por vezes, visceral. Fruto, também, de maior colaboração do guitarrista Adrian Smith, que chegou para gravar o álbum anterior, “Killers” (1981), mas não participou do processo de composição. Em “The Number Of The Beast”, era como se Sex Pistols, Deep Purple e Thin Lizzy se cruzassem e gerassem um produto único.

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Houve, ainda, um avanço temático nas letras da banda. A polêmica faixa que dá nome ao disco foi baseada no filme “A Profecia II” e na obra “Tam o’Shanter”, por exemplo. Outras canções também foram inspiradas em livros, longa-metragens ou até na história de antigas civilizações.

De olho na tímida “invasão” que o NWOBHM promovia nos Estados Unidos, o Iron Maiden também quis despontar na América. “The Number Of The Beast” era o disco ideal para isto, bem como aquela formação era perfeita para aquele momento. O grupo tratou de marcar mais de 100 datas por todo o país, após excursionar pela Europa, onde já havia reconhecimento.

Foi justamente nos Estados Unidos que o Iron Maiden se viu diante de sua primeira polêmica: a banda foi acusada de ser satanista graças a “The Number Of The Beast”. O grupo sofreu uma espécie de perseguição por parte de setores mais conservadores da sociedade, em especial grupos religiosos.

Ativistas queimaram e quebraram discos do Iron Maiden em público, protestaram na entrada de casas de shows onde o grupo iria se apresentar e, por vezes, até carregaram uma cruz de 7,5 metros enquanto pediam boicote aos britânicos. Além disso, houve uma mobilização para que fossem colocados selos nas capas dos álbuns, alertando sobre o “conteúdo subversivo” – uma espécie de pré-PRMC.

Não se sabe, até o momento, se tudo isto foi premeditado por Steve Harris e seus companheiros ou se toda a reação foi uma surpresa para os envolvidos. Fato é que a polêmica fez com que a popularidade do Iron Maiden engrenasse de forma curiosa, pois, aparentemente, muitos adolescentes estavam em busca da mensagem inicialmente controversa que o grupo apresentava.

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No fim das contas, a “propaganda negativa” foi revertida com um bom trabalho feito pelo Iron Maiden, que conquistou fãs pelos Estados Unidos. “The Number Of The Beast” chegou à 33ª posição das paradas da Billboard, nos Estados Unidos, além de conquistar o topo dos charts do Reino Unido e lugares expressivos em rankings de outros países. Hoje, o disco acumula mais de 14 milhões de cópias vendidas.

O Iron Maiden evoluiu e permitiu-se evoluir em “The Number Of The Beast”. Reconheceu que poderia atingir um novo patamar com mudanças pontuais em seu trabalho. Graças a este disco, a banda conseguiu um lugar ao sol e estabilidade o bastante para lançar trabalhos clássicos no futuro, como os impressionantes “Piece Of Mind” (1983) e “Powerslave” (1984).

– Veja também: O boicote que o Iron Maiden sofreu por “The Number Of The Beast”

Bruce Dickinson (vocal)
Steve Harris (baixo)
Dave Murray (guitarra)
Adrian Smith (guitarra)
Clive Burr (bateria)

01. Invaders
02. Children Of The Damned
03. The Prisoner
04. 22 Acacia Avenue
05. The Number of the Beast
06. Run To The Hills
07. Gangland
08. Hallowed Be Thy Name

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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