Avenged Sevenfold: presente e futuro em entrevista com Zacky Vengeance

(Foto: Jeff Forney)

A década de 2010 parecia uma incógnita para o Avenged Sevenfold. A banda sentiu muito a perda do baterista Jimmy “The Rev” Sullivan, no fim de 2009, após uma overdose de medicamentos. Além de cuidar das baquetas, The Rev era importante na parte criativa – composições como “Afterlife” e “A Little Piece Of Heaven” são creditadas a ele.

Entretanto, o saldo da década para o Avenged Sevenfold tem sido, até o momento, bastante positivo. O grupo lançou três discos que, embora sejam muito diferentes entre si, mostram a versatilidade e a qualidade dos músicos envolvidos – e, claro, fizeram sucesso. O primeiro, “Nightmare” (2010), com Mike Portnoy na bateria, segue a proposta do que já estava sendo feito. O segundo, “Hail To The King” (2013), com Arin Ilejay segurando as baquetas, apostou em um heavy metal de tom mais tradicional. Ambos chegaram ao topo das paradas nos Estados Unidos e venderam milhões de cópias pelo mundo afora.

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O terceiro, “The Stage” (2016), é o álbum mais ousado do Avenged Sevenfold até agora. Musicalmente, o álbum, que marca a estreia de Brooks Wackerman na bateria, soa complexo e intrigante, devido à forte influência de vertentes progressivas. Além disso, seu lançamento foi feito de surpresa, sem anúncio prévio – somente um single, da faixa homônima ao álbum, foi liberado uma semana antes, revelando que o full-length chegaria logo em seguida.

– Resenha: Avenged Sevenfold permite-se ‘renascer novamente’ em ‘The Stage’

A recepção comercial de “The Stage” foi um pouco mais tímida, pois ficou “apenas” na 4ª posição das paradas da Billboard 200. Foi a primeira vez na década que o Avenged Sevenfold não colocou um disco no topo dos charts. Além disso, o registro ainda não conquistou disco de ouro, por não ter chegado às 500 mil cópias comercializadas. Por outro lado, os fãs gostaram, a crítica elogiou muito a proposta musical e os números apresentados, ainda que estejam um pouco abaixo do que o A7X poderia obter, são expressivos para uma banda do gênero.

O Avenged Sevenfold, por sua vez, considera que a estratégia foi positiva e mostra que está mais focado em sua imensa base de fãs já estabelecida do que em aumentar o número de admiradores. Além de passar um tempo na estrada – incluindo uma turnê com o Metallica pelos Estados Unidos -, o 2017 do Avenged Sevenfold foi marcado por outra aposta: uma expansão continuada de “The Stage”, com a divulgação de diversos covers de forma separada que, por fim, compuseram a versão deluxe do álbum, lançada oficialmente no último 22 de dezembro de 2017. Um deleite para quem acompanha o grupo.

Em entrevista exclusiva feita por mim para o Whiplash.Net, concedida por e-mail, o guitarrista Zacky Vengeance falou sobre o presente e o futuro do Avenged Sevenfold, uma das poucas bandas de metal a se manter realmente expressiva no mainstream nos dias de hoje. O papo engloba desde “The Stage” e sua versão deluxe até comentários sobre o Metallica e especulações relacionadas a shows no Brasil.

O disco

Vengeance destacou, inicialmente, que foi “empolgante” lançar “The Stage” de surpresa. “Sentimos que era coisa certa a se fazer e éramos realistas sobre os nossos resultados potenciais. Construímos nossa carreira nos arriscando em chances em que outras bandas tinham medo de apostar”, disse.

Apesar das vendas um pouco mais tímidas, Zacky acredita que os fãs, no geral, aprovaram “The Stage”. “É impossível dizer se a aposta foi paga quando se fala das vendas de discos, porque as pessoas não compram mais discos como em anos atrás. No entanto, estamos prestes a embarcar na maior turnê como headliners de nossa carreira, então acho que nossos fãs gostaram de nossa ideia maluca”, afirmou.

A proposta mais técnica de “The Stage” foi pensada desde o início, segundo Zacky. “Sempre evoluímos com cada disco. Cada álbum que lançamos é o favorito ou menos apreciado de cada pessoa, incluindo eu mesmo. Queríamos fazer algo mais técnico, poderia dizer que foi uma tentativa progressiva de se fazer hard rock e heavy metal. Ainda há a chama de discos como ‘City Of Evil’ e ‘Nightmare’, mas também toca em um domínio mais etéreo”, disse.

A versão deluxe

A expansão de “The Stage”, já disponível nas lojas e nas plataformas digitais, conta com seis covers de bandas como Beach Boys, Rolling Stones e Pink Floyd. Além disso, há cinco faixas ao vivo, gravadas na O2 Arena em Londres, Inglaterra, e a inédita “Dose”, que não entrou na edição final do álbum.

Antes da versão deluxe de “The Stage” ter sido disponibilizada, diversas faixas de sua tracklist foram lançadas como singles pelo Avenged Sevenfold ao longo do ano de 2017. “O período de atenção das pessoas é menor na era digital. Queríamos dar aos fãs pequenas surpresas para ficarem ansiosos por todo o ano. Temos muito orgulho de nossos discos e cada um deles merece algum tempo para ser realmente apreciado. Estamos sempre buscando por formas divertidas para manter os fãs empolgados e fazer com que voltem ao disco”, explicou Zacky, sobre a estratégia continuada.

A escolha dos covers chama a atenção pela versatilidade – vai de “Wish You Were Here” à música espanhola “Malagueña Salerosa”. “Escolhemos músicas com as quais poderíamos nos divertir em estúdio sem cortá-las demais. Há tantas músicas atemporais que a lista seria interminável. Foi principalmente para mostrar algumas de nossas influências menos conhecidas e sem escolhas óbvias”, disse Vengeance.

O futuro do heavy metal…

Em termos comerciais, o Avenged Sevenfold é um ponto fora da curva. Poucas bandas de metal ou mesmo de rock se destacaram no mainstream nos últimos 10 a 15 anos. Os nomes mais fortes seguem os mesmos de décadas atrás.

Questionado sobre o futuro do heavy metal, cada vez mais destinado ao underground, Zacky Vengeance revelou ter uma visão mais otimista sobre o tema. “Tudo ocorre em ciclos. Temos a sorte de ter conquistado o sucesso que tivemos durante esse período. O heavy metal ainda é um dos gêneros mais poderosos no mundo. Os estádios lotados em nossa turnê com o Metallica provam que o hard rock e o metal ainda está vivo e muito bem”, afirmou.

O guitarrista pontuou que, no fim dos anos 1990 e início dos anos 2000, o rock era “uma força dominante, com bandas como Rage Against The Machine, Korn, Linkin Park, System Of A Down, Disturbed, Slipknot, etc”. “Isso pode ter diminuído um pouco a partir dos caminhos do rádio comercial, mas quando o ciclo se completar, será ótimo para as bandas pesadas”, completou.

…e o futuro do A7X

Após ter lançado a versão deluxe de “The Stage”, o Avenged Sevenfold vai embarcar para a segunda parte da turnê que promove o álbum. “Vamos tocar coisas que nunca tocamos antes. Não posso dizer o que se pode esperar, porque toda noite é diferente, mas estou certo de que será ótimo para nós e nossos fãs”, prometeu Zacky Vengeance. As novas apresentações acontecem nos Estados Unidos e na Europa durante o primeiro semestre de 2018.

A primeira parte da turnê passou pela Europa e contou com algumas datas nos Estados Unidos – estas, como banda de abertura do Metallica, em sua “WorldWired Tour”. Zacky não esconde sua admiração pelo quarteto thrash. “É sempre uma honra tocar com o grande Metallica. Os shows foram incríveis e, enquanto fã por toda a vida, vou guardar isso próximo ao meu coração. São ótimos caras e passaram pelos mesmos problemas graças aos quais muitas bandas não conseguem sobreviver, e, ainda assim, eles saem mais fortes do que nunca todas as noites. É uma grande lição para todas as bandas aprenderem”, afirmou.

Durante o bate-papo, Zacky Vengeance não confirmou se o Avenged Sevenfold passa ou não pelo Brasil no segundo semestre de 2018, conforme ventilado anteriormente. “No momento, não sei de nenhum plano concreto, mas estamos sempre trabalhando para encontrar nossos fãs em cada canto do planeta. É um mundo enorme e agora temos filhos pequenos e famílias para cuidar, então, turnês estão um pouco mais difíceis de serem agendadas, mas de alguma forma vamos encontrar um jeito”, disse.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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