Como o álbum de estreia do Van Halen mudou o rock para sempre

Banda foi capaz de fazer revolução no estilo mesmo após ter mostrado suas credenciais pelo underground durante anos

As revoluções, por vezes, acontecem após serem previamente anunciadas. Foi o caso do Van Halen, que foi capaz de mudar o rock mesmo após ter mostrado suas credenciais pelo underground durante anos.

Formada pelos irmãos Eddie (guitarrista) e Alex (baterista) Van Halen, a banda deu início às suas atividades em meados de 1972, com David Lee Roth, que também fornecia aparelhagem de som para eles, nos vocais e Mark Stone no baixo. Em 1974, Stone foi substituído por Michael Anthony, que também era cantor. Também foi em 1974 quando assumiram o nome definitivo.

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Foram necessários dois anos no underground até que, na metade de 1976, o vocalista e baixista do Kiss, Gene Simmons, descobriu o grupo e os levou para gravar uma demo. A ideia seria empresariá-los, mas o Kiss estava no auge na época e Simmons acabou deixando para lá.

Somente um ano depois, na metade de 1977, a Warner Bros Records descobriu o Van Halen. Sabe-se lá quantas pessoas puderam assistir aos shows incendiários – e, de certo modo, revolucionários – do quarteto capitaneado por Eddie.

O álbum de estreia, homônimo, acabou saindo somente em 10 de fevereiro de 1978. Mas mesmo com tanto barulho prévio no underground, a banda impressionou a todos com algo inédito. Tudo feito pelo quarteto naquele disco de estreia era novo. Soava diferente de qualquer coisa feita até então – especialmente naquele período, quando a disco music dominava o mercado e o punk rock era a “boa” no submundo.

A revolução musical no disco de estreia do Van Halen esteve centrada, especialmente, na guitarra de Eddie. Ninguém, até então, havia tocado como ele. O músico apresentou ao mundo algumas técnicas – nem todas inéditas – como finger-tapping, harmônios artificiais e abuso da alavanca da ponte Floyd Rose.

O equipamento usado por Eddie também contribui muito para a sonoridade da banda. O próprio sistema Floyd Rose usado por ele em sua guitarra é alterado – e Eddie, claro, registrou a patente. O amplificador usado por ele também tinha alterações na parte elétrica, bem como seus pedais, que misturavam efeitos e modulações incomuns para a época.

Entretanto, não adiantaria em nada ter um baita guitarrista sem uma boa banda para acompanhar. David Lee Roth levou a pegada glam rock a um passo adiante. Performático e quase circense, Roth dividia o centro das atenções com Eddie de forma natural. Michael Anthony era um baixista cru, mas um grande vocalista de apoio – suas linhas de voz são tão agudas que, muitas vezes, ofuscavam a voz de David. E Alex Van Halen tinha um senso rítmico fora de série. Na bateria, opta por caminhos pouco convencionais e, para mim, é quase tão revolucionário quanto o irmão.

Todas essas características individuais foram devidamente apresentadas no disco de estreia do Van Halen. A poderosa “Runnin’ With The Devil”, a versão elétrica de “You Really Got Me” (original do The Kinks), o hino hard rock “Ain’t Talkin’ ‘Bout Love” e as grudentas “Jamie’s Cryin'” e “Feel Your Love Tonight” têm detalhes de cada integrante. E “Eruption”, ainda que curta e meramente instrumental, mostrou um caminho distinto para a guitarra no rock e no metal.

Era de se esperar que o disco de estreia do Van Halen fizesse sucesso. O álbum chegou à posição de número 19 nas paradas pop dos Estados Unidos. O cover de “You Really Got Me”, em especial, emplacou nos charts. Atualmente, contabilizam-se mais de 10 milhões de cópias vendidas somente nos EUA, onde o registro tem certificação de diamante.

Os números, porém, não resumem a importância do disco de estreia do Van Halen. Para compreender a relevância deste trabalho, basta escutar a qualquer banda de hard rock ou heavy metal posterior a ele. Todos, de alguma forma, foram influenciados por Eddie e seus amigos.

David Lee Roth (vocal, violão na faixa 10)
Eddie Van Halen (guitarra)
Michael Anthony (baixo)
Alex Van Halen (bateria)

1. Runnin’ With The Devil
2. Eruption
3. You Really Got Me” (The Kinks cover)
4. Ain’t Talkin’ ‘Bout Love”
5. I’m The One
6. Jamie’s Cryin’
7. Atomic Punk
8. Feel Your Love Tonight
9. Little Dreamer
10. Ice Cream Man (John Brim cover)
11. On Fire

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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